Por Rodrigo Rincón
Saiba como a Tecnologia na gestão pública pode alavancar o desenvolvimento das cidades e a melhoria da qualidade de vida e da Sustentabilidade
O conceito de Smart City (Cidade Inteligente) surgiu da necessidade de melhorias em prol da Sustentabilidade e da qualidade de vida dos moradores das cidades. Diante de um cenário global de mudanças climáticas e do aumento populacional especialmente nas áreas urbanas, o desenvolvimento sustentável passou a movimentar um grande mercado de soluções tecnológicas. Assim, as Smart Cities surgem como modelos a serem aprimorados e seguidos para tornar o mundo mais acessível e sustentável.
O conceito de Cidade Inteligente foi desenvolvido pelo Instituto de Estudos Superiores da IESE Business School, escola de negócios da Universidade de Navarra, na Espanha, a partir de um índice para medir o grau de inteligência dos locais mais importantes: o Cities in Motion Index, e que incluiu 160 cidades ao redor do mundo. No topo do ranking estão cidades europeias, que se destacam em função da qualidade de vida e uma elevada preocupação com a sustentabilidade. A América do Norte segue na vice-liderança, pela economia forte e capital humano, e, na terceira posição está Ásia, com cinco cidades no top 50.
As Cidades inteligentes são criadas a partir de cidades planejadas com o uso prévio de tecnologias e de ações sustentáveis; ou podem ser uma classificação alcançada por cidades já existentes, que evoluam a partir da implantação de melhorias e soluções para seus problemas.
Confira o top 10 do ranking das Smart Cities:
1. Londres (Reino Unido)
2. Nova York (Estados Unidos)
3. Amsterdã (Holanda)
4. Paris (França)
5. Reykjavik (Islândia)
6. Tóquio (Japão)
7. Cingapura
8. Copenhague (Dinamarca)
9. Berlim (Alemanha)
10. Viena (Áustria)
Tecnologia, Sustentabilidade e desenvolvimento social são as principais características das Cidades Inteligentes
O uso da tecnologia é o grande motor que impulsiona a Cidade Inteligente. O investimento em tecnologia é realizado para gerar o acesso a dados em tempo real, o que possibilita ao poder público o desenvolvimento de soluções para a melhoria da vida urbana, com serviços públicos mais eficientes, como mobilidade, educação, saúde e segurança. Ela também contribui para uma melhor governança, promovendo a fiscalização eficiente dos gastos públicos, pela realização de pregões virtuais e outras ações em prol da transparência na gestão.
No entanto, o investimento em tecnologia deve caminhar ao lado do investimento em capital humano, com o objetivo de evitar o desemprego e promover o desenvolvimento educacional dos cidadãos, tendo em vista que são economias em constante evolução e rápida automatização.
A Cidade Inteligente também deve promover uma mentalidade sustentável, ou seja, a de que, segundo a ONU, o desenvolvimento econômico no presente deve ocorrer sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprirem suas necessidades.
Em vista desse objetivo, o Planejamento Urbano deve considerar o crescimento ordenado e a constante atualização dos sistemas de água e esgoto, e das redes elétrica e de infraestrutura de comunicação. A preservação de áreas naturais e gestão eficiente dos resíduos, com a reciclagem e o uso do lixo orgânico para geração de energia são pontos importantes na classificação das Cidades Inteligentes. Assim, o planejamento urbano deve considerar: minimizar a poluição, com a redução e neutralização da emissão de gás carbônico e metano; o acesso à água potável; grande percentual da população com acesso a saneamento básico; o número de pessoas por moradia e o número de edifícios construídos na cidade.
Mobilidade urbana e Sustentabilidade caminham juntas nas Cidades Inteligentes
A mobilidade urbana é outro aspecto importante da Cidade Inteligente e deve ser desenvolvida de modo a garantir eficiência e ganho de tempo, além de sempre considerar a acessibilidade. Soluções de melhorias na fluidez do transporte coletivo; com o uso de carros e bicicletas compartilhados e com baixa emissão de poluentes e a implantação de veículos elétricos estão entre os grandes investimentos das Smart Cities.
Conexões internacionais trazem benefícios às Smart Cities
A conexão com outras localidades do entorno e com outras Cidades Inteligentes ao redor do planeta colabora para a importação de experiências que funcionaram em outros lugares. Além disso, a promoção do turismo e a capacidade de atração de investimento são outros indicadores usados no levantamento.
Smart Cities no Brasil e no mundo para você conhecer
Ao redor do mundo, diversas cidades listadas no ranking das Smart Cities trazem projetos inovadores que são exemplos de gestão de recursos e de soluções para problemas urbanos comuns aos grandes centros. Conheça alguns projetos inspiradores e como a tecnologia é a grande aliada das Cidades Inteligentes:
Amsterdam (Holanda)
Em Amsterdam, um projeto reúne empresas, órgãos públicos e cidadãos para desenvolver novas tecnologias com dois objetivos: a redução da emissão de poluentes e do consumo de energia. O projeto, que está em vigor desde 2009, também atua pela conscientização dos cidadãos sobre esses objetivos e sobre as mudanças de atitude necessárias para que a cidade siga evoluindo para a meta.
Copenhague (Dinamarca)
Destaque em sustentabilidade, Copenhague, capital da Dinamarca, é uma cidade inteligente das mais avançadas do mundo. Ela possui 400 km de ciclovias e possui a meta de ser, até 2025, a primeira capital do mundo neutra em carbono.
Nova York
Nova York é uma das cidades mais inteligentes do mundo, especialmente no quesito desenvolvimento urbano. A cidade já implantou um sistema de telefonia que oferece internet a todos os residentes e, também, uma plataforma que divulga informações relevantes à população sobre os bairros, opções de lazer e alertas de segurança.
São Francisco
São Francisco destaca-se como Cidade Inteligente devido à ações voltadas a novas fontes de energia e de mobilidade urbana, com o fomento de opções de transporte compartilhado e de carros autônomos. A cidade também reúne o maior número de casas sustentáveis do mundo, seguindo normas de controle de emissão de poluentes.
Songdo (Coreia do Sul)
A cidade de Songdo, na Coreia do Sul, foi inteiramente planejada com o objetivo de sustentar a eficiência energética e a minimização de resíduos urbanos por meio da tecnologia. Os edifícios desta Cidade Inteligente são conectados a sistemas que monitoram o consumo de energia e os alarmes de incêndio – o que reduz custos com manutenção e possibilita a otimização do uso de energia. Outro diferencial desta smart city é a coleta de lixo em cada apartamento realizada através de um sistema pneumático que leva os detritos diretamente para uma central de coleta de lixo. Assim, não é necessário que caminhões de coleta circulem pelas ruas e os resíduos são usados em incineradores, e ainda geram energia para os residentes.
Barcelona (Espanha)
Em Barcelona, também houve grande investimento na gestão de resíduos. Na Cidade Inteligente ocorreu a instalação de escotilhas onde o lixo é recolhido de hora em hora, todos os dias, em toda a cidade. O material é enviado por tubulação subterrânea até o centro de coleta, onde é separado entre reciclado e orgânico. Em seguida, o material orgânico abastece geradores elétricos que enviam energia para a smart city.
São Paulo (116ª)
São Paulo encabeça a lista de smart cities brasileiras pelos investimentos realizados em mobilidade urbana, com a criação de ciclofaixas e também dos corredores de ônibus.
Curitiba
Já, Curitiba implantou o projeto Ecoelétrico, uma frota de carros elétricos que prestam serviços públicos e que gerou uma redução na emissão de gás carbônico na atmosfera. Além disso, a Cidade Inteligente desenvolve outras iniciativas para um sistema de transporte público rápido e eficiente, de modo que 70% da população faz uso do transporte coletivo. O alto índice de desenvolvimento humano (IDH) da população da cidade e a difusão de bibliotecas digitais facilitam o acesso à cultura e à educação e são outros aspectos que classificam Curitiba no ranking das smart cities.
Rio de Janeiro (126ª)
O Rio de Janeiro entrou no ranking das Cidades Inteligentes do mundo devido a projetos tecnológicos de monitoramento do trânsito e da segurança, com a utilização de câmeras e um sistema integrado, além de uma parceria com a empresa Waze. O Centro de Operações Rio, reúne as informações e imagens em tempo real e leva os dados aos gestores públicos. Além disso, outros dados ligados ao fomento do empreendedorismo de inovação no Rio de Janeiro se destacam, como o crescimento das empresas de tecnologia, a presença de 7 Pólos Tecnológicos, 20 Incubadoras, além do crescimento do número de microempreendedores cadastrados no programa MEI. A cidade também oferece internet gratuita e programas de ensino em diversas áreas do conhecimento por meio de plataformas interativas nas Praças e Naves do conhecimento, localizadas em sete comunidades.
Croatá Laguna EcoPark – Ceará (Brasil)
O Croatá Laguna EcoPark é uma Cidade Inteligente que está sendo construída para a habitação social. O projeto, desenvolvido pelo grupo italiano Planet Idea, foi criado para moradores de baixa renda em Croatá, na cidade de São Gonçalo do Amarante, no Ceará.
A Smart City planejada terá 4 pilares de desenvolvimento: arquitetura; meio ambiente; tecnologia e inclusão social e vai contar com coleta de lixo inteligente; wi-fi liberado em todas as áreas institucionais e piso intertravado (que deixa a água da chuva ser absorvida pelo solo). Além disso, haverá sistemas de reaproveitamento da água; irrigação automatizada de acordo com o clima; fiação elétrica subterrânea e locais que produzem energia cinética – gerada por movimentos do corpo.
A Cidade Inteligente, que deverá abrigar até 25 mil pessoas, também vai contar com sistemas de bike sharing e de compartilhamento de carros.
Conclusão
No Brasil, há seis cidades listadas entre as 165 principais cidades inteligentes do mundo, no ranking divulgado pelo IESE Bussiness School. São Paulo; Rio de Janeiro; Curitiba; Brasília; Salvador e Belo Horizonte. Apesar de estar entre as últimas posições do ranking, é importante ressaltar a importância dessas localidades serem citadas como cidades que desenvolvem iniciativas buscando mais sustentabilidade, melhor qualidade de vida e inclusão social a seus habitantes.
Os projetos nesses centros urbanos são imprescindíveis para que o Brasil caminhe para o futuro e possa, cada vez mais, se espelhar nas demais Cidades Inteligentes do mundo na busca por alternativas tecnológicas de gestão e de desenvolvimento sustentável.
