Como tornar mais competitivo o GNL no Brasil?

Como tornar mais competitivo o GNL no Brasil?

Como tornar o GNL mais competitivo no Brasil? A alternativa poderia ser utilizada como substituição para os insumos importados, segundo o consultor e especialista em energia, Eduardo Navarro Antonello, fundador da Golar Power e Macaw Energies. 

Outras formas de fomentar o mercado de GNL no país, seria a abertura de acesso e uso da capacidade dutoviária, criação de consumo em larga escala e desenvolvimento de infraestrutura para escoamento da produção. 

Atual produção de GNL no Brasil

Dados da Agência Nacional de Petróleo, a ANP, apontam que no Brasil, a oferta de gás natural liquefeito, o GNL, saltou no período de um ano, de 8,4 milhões de metros cúbicos por dia para 26,1 milhões. O total representa um aumento de 211% em relação ao ano de 2021, ou seja, pelo menos três vezes mais do que os números anteriores.

Em Setembro deste ano, os custos de importação do mesmo produto pelo Brasil aumentaram mais de 85%, devido à crise energética na Europa. Com uma dependência direta do mercado internacional de GNL, o país sofre com a perda de aproveitar a abundância de gás, por falta de projetos de infraestrutura. 

Dados da Consultoria Wood Mackenzie revelam que os custos de importação de GNL pelo Brasil, totalizaram 2,99 bi de dólares entre janeiro e agosto de 2022, contra 1,60 bi. registrados no mesmo período de 2021. 

Os números trouxeram a necessidade de avanços em relação à medidas de escoamento do gás, para reduzir os níveis de reinjeção nos poços e trazer um melhor aproveitamento dos volumes de produção que virão do pré-sal.

Lei do gás

A Nova Lei do Gás, que moderniza o marco legal do setor, foi regulamentada pelo Governo Federal em 2021. De acordo com o decreto ficam estabelecidos os termos e a regulação para os agentes da indústria de gás natural, como a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Segundo o texto, as regras relacionadas ao transporte, escoamento, tratamento, processamento, estocagem, acondicionamento, liquefação, regaseificação e comercialização do gás natural no Brasil, foram alteradas. A medida teve o objetivo de estimular a indústria no setor para expandir as redes de transporte, como a construção de gasodutos. 

De acordo com o consultor Eduardo Navarro Antonello, a Lei do Gás foi muito positiva, mas o segundo passo seria a implementação de medidas que fomentem o consumo na base.

Demanda e produção de GNL no Brasil

Na avaliação do consultor, é possível que outras ações sejam articuladas, para ampliar as discussões em torno do gás e trazer aumento do consumo, forçando o escoamento da produção e ampliação da demanda substituindo insumos como diesel e GLP, que são importados e geram altos valores para o Brasil. 

“A Lei do gás foi muito positiva para o país, mas existe espaço para fomentar ainda mais o uso do gás natural, principalmente, ao forçar um pouco mais essas questões. Não se pode forçar o escoamento do GNL por parte dos produtores, se você, ao mesmo tempo, não estiver ajudando a criar demanda para esse gás. Também é preciso implementar medidas que fomentem o consumo na base”, explica o consultor Eduardo Navarro Antonello em entrevista ao Poder 360.

Segundo Antonello, a partir da demanda para a utilização do gás associado doméstico, o potencial de produção no Brasil poderá ser viabilizado.

“A tese que acredito bastante é o uso do gás doméstico para substituir os insumos importados que são o diesel e o GLP, aí sim você tem uma demanda na base, uma demanda firme, constante e deixa de importar um insumo para substituir por um nacional”, detalha.

Neste caminho os profissionais detalham também a importância da flexibilização do sistema SWAP de gás, ou seja, a distribuição, no qual os fluxos físicos e contratuais diferem, no todo ou em parte, contribuindo para a operação eficiente do sistema. 

Menor burocracia pode mudar o cenário de produção de gás

Com um cenário que tem grande volume de produção de gás natural, mas com a necessidade de um maior sistema de escoamento dessa matéria prima, o Brasil exige que procedimentos menos burocráticos sejam desenvolvidos para mudar o cenário vivido pelo setor. 

O especialista Eduardo Navarro Antonello explica que o país tem grandes chances de chegar a uma independência energética real, desde que as mesmas técnicas usadas no diesel e no GLP, também sejam implementadas no GNL.

“O sistema tem que ser flexibilizado para ter mais abertura no que se refere aos consumidores livres de gás, para que as pessoas e as indústrias possam ter acesso mais fácil e menos burocrático à molécula, que é o que acontece com o diesel, por exemplo. A mesma facilidade de logística e escoamento do diesel e GLP, tem que acontecer também com o gás natural”, finaliza. 

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